quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Pai Natal Verdadeiro!

- 4ª Sessão de Filosofia para Crianças no Refúgio Aboim Ascensão -
O primeiro passo foi observar calmamente a sala e os objectos que nela se encontravam.
Observar um pouco mais e escolher o objecto mais bonito! Até aqui ninguém fala, ninguém diz nada. Sem pressas, cada um levantou-se, pegou no objecto e trouxe-o para o círculo.
E começámos as  apresentações!

- O que é isso?  Miguel - Um catavento! - Como funciona? M. - Com o vento, roda! - E se estiver frio? 
M. - Não interessa, tem é que estar vento para o catavento rodar!

O Luís estava entusiasmadíssimo com o seu objecto (aparentemente mais útil do que bonito, mas mesmo só aparentemente!). Ele escolheu uma espécie de mini-tupperware, com uma tampa e uma asa, para melhor transporte.
A verdade é que este objecto tinha uma capacidade de se montar e desmontar tão grande que, durante toda a apresentação, o Luís fez isso mesmo: tampa para um lado, asa para outro e vasilha para outro! E depois... Toca a montar o objecto outra vez! Na dúvida perguntei-lhe se, afinal, tinha ali apenas um objecto. Não seriam três? Nãaaaoooo - respondeu a criançada em coro - é só um!!! Funciona tudo junto!

Hoje a Vera, que costuma ser sempre muito tímida e de poucas falas, descreveu-nos o seu boneco: tem esta roupa com capuz que se veste assim, na cabeça. As pestanas mexem sozinhas e tem as bochechas pintadas.

O Daniel escolheu um jogo, um dominó de motivos natalícios e Rui um livro.
O Rui escolheu em detalhe a página do livro que o fazia eleger aquele e não outro qualquer dos muitos que a sala dos 5 anos tem.
Nesta página podemos ver a neve e as estrelas todas, é de noite e está frio. Gosto muito deste livro porque, nesta página, tem o Pai Natal. - Onde está? - perguntei. - Ali dentro! Dá para ver pela janela da casa.
- Humm... Pensei que era este aqui fora. - disse.

Foi quando o Rui me esclareceu:
 - Não, esse não é o verdadeiro, é só um boneco vestido igual ao Pai Natal. Dá para ver pela cara. Olha, é um boneco, vês?
- Ah, sim agora percebi a diferença!







Obrigada a todos por estas sessões e votos de um excelente Natal!!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Em busca da Beleza: há coisas que todos considerem belas?

O plano era ir em busca da Beleza. A sessão decorria há 5 minutos quando a Filipa nos apresentou esta sua convicção.
 

Challenge accepted! Fomos em busca de algo que agradasse universalmente.

No final da sessão não fomos bem sucedidos. Dialogando não fomos capazes de descobrir "coisas que toda a gente acha belas".

Estivemos próximo: o sol e um abraço quase passaram no apertado crivo desta Comunidade de Investigação composta por crianças de 8 anos.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O Café Filosófico vai à Escola

 O registo do percurso do CAFÉ FILOSÓFICO de 29 de Novembro no COLÉGIO DA PAZ.
 
Da definição de educação à identificação e categorização das variáveis envolvidas.
 
 
Obrigado a Pais e Professores: presentes, curiosos e envolvidos !

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

APOLOGIA DE SÓCRATES de XENOFONTE

Porque apologias há muitas, aqui fica a de SÓCRATES (Ἀπολογία Σωκράτους πρὸς τοὺς Δικαστάς) por XENOFONTE (431- c.360 A.C.).

"(..)For myself indeed, as I lay to mind the wisdom of the man and his nobility, I can neither forget him nor, remembering him, forbear to praise him. But if any of those who make virtue their pursuit have ever met a more helpful friend than Socrates, I tender such an one my congratulations as a most enviable man."

                                        Siga o LINK para o texto completo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

sábado, 24 de novembro de 2012

O 1º Pessoa's Café Filosófico



--PODEMOS CONHECER UMA PESSOA?--

«Este Café Filosófico foi...Inacabado.» Um óptimo augúrio para os próximos!

Obrigada a todos os participantes pelo entusiasmo e dedicação!
(caso deseje, pode deixar sugestão de temas, via Facebook, e-mail ou no próprio café! - Café Pessoa's, R. Jacques Pessoa, 22 -8000 Tavira)
a facilitadora, Laurinda Silva





terça-feira, 13 de novembro de 2012

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA no CCVF - Então, a Beleza!

Celebraremos o Dia Mundial da Filosofia passando a tarde como um grupo de jovens dispostos a mergulhar nas grandes questões da Estética.
 
"A beleza absoluta manifesta-se em muitas coisas belas e em muitas pessoas belas, ainda que não possamos dizer nunca que esta coisa, esta pintura, esta música ou esta pessoa é a própria beleza. Ao mesmo tempo todos sabemos que só falamos de qualquer coisa de belo porque sabemos o que é a beleza. Ouvindo-me falar, diriam talvez que não é verdade, que não sabem de todo o que é a beleza. Pensam talvez que de qualquer maneira a beleza é muito relativa, que cada um tem a sua definição de beleza, vocês acham isto belo mas um outro não, ou então vocês acham isto belo num dia mas não no seguinte, que o que é belo na China não o é em África nem na Europa. Não é verdade, nós sabemos o que é a beleza. Gostaria de tentar mostrar-vos que vocês sabem, que todos nós sabemos." (Jean Luc-Nancy, in A Beleza)
 
 
Depois de terem assistido nos dias 2 e 3 de Novembro à peça de teatro “A beleza, pequena conferência - A partir de Jean Luc-Nancy”, uma co-produção Centro Cultural Vila Flor, Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, Maria Matos - Teatro Municipal e levada à cena por Maria Duarte, João Rodrigues e Gonçalo Ferreira de Almeida, é chegada a vez de a FILOSOFIA entrar em acção e aproveitar as questões emergentes para uma tarde de diálogo e reflexão.

 É no próximo sábado, a partir das 15:00 no Centro Cultural Vila Flor – Guimarães.

Pessoa's Café Filosófico


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Meninas e meninos... no Refúgio Aboim Ascensão (3ªsessão)

«Depois da escola João e Matias foram brincar para o jardim.
- Viste aquilo? - perguntou o Matias.
- Vi o quê?! - respondeu o João.
Matias - Aquela rocha acabou de se mexer!!
João - Não sejas tonto. As rochas não se mexem. Nem sequer são vivas!
- Se alguma coisa se mexe, está viva?
- Claro! Eu, tu e os animais estamos vivos porque nos mexemos.
- Hummm... Isso quer dizer que os carros também são vivos?»

Tudo preparado para a 3ª sessão de Filosofia com as crianças do Refúgio Aboim Ascensão.
Perguntar por exemplos. Testar outros (carros, gatos, livros, cães, tu, relógio, robô, árvore, letras nos livros...), um conjunto de perguntas...
O que mostra que estás vivo? É possível algo estar vivo e não se mexer? O que gostarias que tivesse vida? Porquê?...

Mas... nada disso!

«- Laurinda, tu és uma princesa!
- Uau, obrigada! Mas que elogio! E tu, também és?
- Não, não posso ser princesa porque sou menino. Posso ser príncipe.»

As meninas podem ser princesas. As meninas querem ser bailarinas.
Os meninos não querem, mas podem ser bailarinos.
Os meninos querem ser bombeiros! E as meninas também podem!
E podem ser meninos e meninas polícias!
Mas não podem ser gatos e cães e meninos ou meninas ao mesmo tempo. Embora todos sejamos animais, comamos carne e tenhamos pêlo. Temos semelhanças.

E acabamos a falar de dinossauros («Alguns também são carnívoros», mas «há outros que só comem ervas. São uns que têm o pescoço muito compriiido, como a girafa. Mas a girafa não é um dinossauro!!!») e a redefinirmo-nos como omnívoros. Vá toca a dizer a palavra: o-mní-vo-ros!

a hora à velocidade da luz!
Obrigada a todos!

sábado, 27 de outubro de 2012

Ateliê de Filosofia Prática, Filosofia para Crianças


Necessáriosenriquecedores, motivadores, criativos e activos são os adjectivos que os participantes utilizaram para qualificar o ateliê de hoje, em Faro.
Além da «exposição e troca de ideias», «ampliam as formas de exploração de materiais em contexto de sala de aula» bem como, «possibilitam a maior valorização de algumas (...) atitudes no dia-a-dia.» 

Quais serão? Aguardemos pelo próximo ateliê!... Até porque temos mesmo que descortinar que gato é este!


Obrigada a todos pela disponibilidade para o jogo filosófico!

Obrigada também à colaboração da ES Tomás Cabreira.



Até Breve! Laurinda Silva

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Lipman - Are children natural philosophers?

Breve excerto de uma entrevista de Eugenio Echeverria a Matthew Lipman, criador de Programa de Filosofia para Crianças.


PODEMOS-DEVEMOS ENCORAJÁ-LAS A SEREM FILOSÓFICAS.

Pensamento Crítico

Na linha de R.Ennis, pensamento razoável e reflectido focado em decidir o que fazer ou em que acreditar.
 
Fonte desconhecida

Se quiser conhecer os elementos, práticas e competências do Pensamento Crítico, sugerimos uma pequena síntese.
 
Siga o LINK: The Miniature Guide of Critical Thinking - Concepts and Tools

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Três demónios inimigos da filosofia por João Carlos Silva

"Três demónios assombram permanentemente a procura do conhecimento: o orgulho, o medo e a preguiça. Cada um por si só, ou combinados numa “geometria variável” (como se diz agora), formam uma estrutura terrivelmente poderosa e resistente de oposição ao conhecimento da verdade, constituindo-se assim como autênticos “pecados” epistémicos, ou obstáculos epistemológicos universais, extremamente difíceis de vencer na exacta medida em que exercem o seu poder hipnótico de forma invisível no interior do próprio sujeito.(...)"
 
Siga o LINK para o texto integral.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A primeira aventura no Refúgio Aboim Ascensão


Hoje foi a primeira aventura Enteléquia no Refúgio Aboim Ascensão.
E não foi coisa pequena! 
Havia mãos de todas as cores, havia mãos às cores e mãos de vários tamanhos! 
Cheirosas e macias, afáveis de curiosidade para descobrir quem é essa Sophia que ama o saber!
Para já, essas mãos gostam de carros de corrida porque têm capacetes, de pentear porque ficamos bonitos e de desenhar o Outono por causa das cores das folhas. 
Há aquelas gostam de doces porque sabem bem (apesar de fazerem mal se forem muitos...) e de caracóis.
E há as que gostam de ser conhecidas pelo seu nome completo!! 

;) A-coisa-promete-da-Silva-Maia-Tavares!! ;)

sábado, 6 de outubro de 2012

Filosofia para Crianças - livros em pdf

Professor Oscar Brenifier, Institut de Pratiques Philosophiques, disponibiliza em pdf alguns dos seus títulos dirigidos a pais, professores, crianças e adolescentes.
 
Siga o LINK.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

5 de OUTUBRO - CAFÉ FILOSÓFICO no TERTÚLIA CASTELENSE

Uma pausa para ouvir, pensar e ousar!

- Um Café Filosófico é um diálogo público dedicado a um tema ou questão do universo humano moderado por um filósofo. O que se busca é a criação de um espaço-tempo de investigação de matriz socrática ou, muito simplesmente, parar de pensar, parar para pensar e pensar o impensável.
- "Parece complexo. Como é que isso se desenrola?"
- Fazemos uso da caixa de ferramentas natural e ouvimos, questionamos, respondemos, argumentamos, contra-argumentamos, exemplificamos, contra-exemplificamos, objectamos, comparamos, hierarquizamos, conceptualizamos ... tudo em duas horas e em modo cooperativo.
- "Nunca gostei de Filosofia nem percebo nada disso."
- Óptimo! Aquele não domina a terminologia e conteúdos filosóficos é o que melhor está habilitado ao objectivo destes diálogos: questionamento autêntico e radical e investigação guiada apenas pela razão em acção.
- "Que questões são abordadas? Que temas são investigados?"
- Eis alguns exemplos: O que é a verdade? O que é a felicidade? A existência tem sentido? Se sim, qual? O Homem é livre? Egoísmo e Altruísmo: o papel do Outro? Querer ou Dever: o dilema diário. Como eleger o melhor critério de decisão? Existe relação entre bondade e verdade? E entre autenticidade e verdade? O que é uma boa pessoa? Razão e Emoção: inimigos ou faces da mesma moeda? Qual a relação entre a palavra e a realidade? A Ciência desvenda ou inventa a Natureza?

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

FILOSOFIA para CRIANÇAS – Inquérito de Satisfação

ATELIERS DE FILOSOFIA para CRIANÇAS
 –
 Inquérito de Satisfação (Professores)

a)       Dê-nos a sua opinião acerca do(s) Atelier(s) de Filosofia para Crianças, nos seguintes pontos, classificando-os entre:
1 – nunca         2- por vezes             3- com frequência             4 – sempre
- Desenvolve o espírito crítico;
4
- Desenvolve a capacidade de viver uma cidadania activa;
4
- Facilita a consciência de si e do outro;
4
- Ensina a colocar-se no lugar do outro;
4
- Fomenta o respeito pelos seus pares;
4
- Demonstra o valor da solidariedade, da igualdade, da partilha e da tolerância…;
4
- Impulsiona a autonomia na investigação;
4
- Faz reconhecer os direitos e deveres na sociedade actual;
4
- Cria um laboratório de ideias (onde tudo é pensável e discutível);
4
- Promove a auto-estima;
4
- Expande a atitude dialogante e a escuta activa;
4
- Treina o pensar por si mesmo;
4
- Estimula o ser si mesmo;
4
- Incita o ser e pensar no seio do grupo;
4
- O desempenho da facilitadora foi adequado.          
4

(Excerto do Inquérito de Satisfação da Sessão Peixe Amarelo, no 3º ano da Escola da Correeira, Albufeira - Professor Nelson Moniz, 2010/11)


ATELIERS de FILOSOFIA para CRIANÇAS – Inquérito de Satisfação

«b) Entende como desejável a Filosofia com Crianças de uma forma regular?
Sim X Não___

Porquê?
Sim, porque dessa forma as crianças teriam oportunidade de “praticar” o seu raciocínio com mais frequência, de forma orientada, tendo a possibilidade de ter contacto com professoras formadas na área da filosofia.

c) Escolha uma(s) palavra(s) que caracterize estes ateliers.
Divertidos / Práticos / Úteis / Enriquecedores / Diferentes

d) Outras observações que deseje deixar-nos:
Deixo o agradecimento por terem proporcionado aos meus alunos esta experiência diferente e enriquecedora, de outra forma tal não aconteceria. Apesar de trabalharmos o pensamento na sala de aula, não o faria nestes moldes porque estou condicionada por um programa a cumprir, restando pouco tempo para este tipo de actividades, por outro lado não tenho formação nesta área. 
Como os ateliers são marcadas por vós encontrei sempre disponibilidade e muita vontade para participar neles. Desejo que outros alunos também tenham esta oportunidade.
Muito obrigada.»

Professora Fátima Lopes - Projecto PENSO, LOGO VOO, Agrupamento de Escolas Drª Laura Ayres - Quarteira 2010/11


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MARCO AURÉLIO - MEDITAÇÕES

"A duração da vida não passa de um momento, a matéria é um fluir, a alma é um turbilhão, a fortuna fugidia... o que é que existe capaz de guiar um homem? ... a filosofia."
 Marco Aurélio (121-180) 

Aceda aqui ao texto MEDITAÇÕES, a tentativa de vida estóica do imperador-filósofo.

Entrada sobre MARCO AURÉLIO na Stanford Encyclopedia of Philosophy.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FILOSOFAR E SER CRIANÇA por Cecília Reis Maia

                           Publicação no PORTAL DA CRIANÇA - Agosto 2012

"A distinção entre as denominações Filosofia para Crianças ou Filosofia com Crianças parece-nos importante apenas como tomada de consciência daquilo que é ou deverá ser a prática filosófica com crianças."
Siga o LINK para o artigo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Razão ao serviço da Vida ou a Vida ao serviço da Razão - a resposta de Ortega y Gasset

Na sequência do Café Filosófico de dia 23 sobre o papel da Razão na Vida, deixamos o contributo de Ortega y Gasset.

"Hoy vemos claramente que, aunque fecundo, fue un error el de Sócrates y los siglos posteriores. La razón pura no puede suplantar a la vida: la cultura del intelecto abstracto no es, frente a la espontánea, otra vida que se baste a sí misma y pueda desalojar a aquélla. Es tan sólo una breve isla flotando sobre el mar de la vitalidad primaria. Lejos de poder sustituir a ésta, tiene que apoyarse en ella, nutrirse de ella como cada uno de los miembros vive del organismo entero.
Es éste el estadio de la evolución europea que coincide con nuestra generación. Los términos del problema, luego de recorrer un largo ciclo, aparecen colocados en una posición estrictamente inversa de la que presentaron ante el espíritu de Sócrates. Nuestro tiempo ha hecho un descubrimiento opuesto al suyo: él sorprendió la línea en que comienza el poder de la razón; a nosotros se nos ha hecho ver, en cambio, la línea en que termina. Nuestra misión es, pues, contraria a la suya. A través de la racionalidad hemos vuelto a descubrir la espontaneidad.
Esto no significa una vuelta a la ingenuidad primigenia semejante a la que Rousseau pretendía. La razón, la cultura more geometrico es una adquisición eterna. Pero es preciso corregir el misticismo socrático, racionalista, culturalista, que ignora los límites de aquélla o no deduce fielmente las consecuencias de esa limitación. La razón es sólo una forma y función de la vida. La cultura es un instrumento biológico y nada más. Situada frente y contra la vida, representa una subversión de la parte contra el todo. Urge reducirla a su puesto y oficio.
El tema de nuestro tiempo consiste en someter la razón a la vitalidad, localizarla dentro de lo biológico, supeditarla a lo espontáneo. Dentro de pocos años parecerá absurdo que se haya exigido a la vida ponerse al servicio de la cultura. La misión del tiempo nuevo es precisamente convertir la relación y mostrar que es la cultura, la razón, el arte, la ética quienes han de servir a la vida."

El tema de nuestro tiempo, en «Obras completas», vol. III, Revista de Occidente, Madrid 1966-69, p.177-178.

Siga o LINK para a entrada sobre Ortega y Gasset na Stanford Encyclopedia of Philosophy.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Da prática filosófica sob o regime estético das artes e cumprimento do ethos filosófico - uma reflexão a partir da leitura de A partilha do sensível* de Jacques Rancière


- Pode a busca cooperativa de uma resposta ser pensada a partir do regime estético da arte de Rancière?

Propomos que o conceito de regime de arte enquanto modo de articulação do fazer, do ver e conceptualização dos anteriores e, em particular, o regime estético da arte como condição de pensabilidade e identificação das artes se apresenta como oportunidade para a revalorização das Novas Práticas Filosóficas, nomeadamente na sua dimensão de dinamização filosófica, ou seja, diálogos de matriz socrática realizados em situação, em público.
A emergência das (Novas) Práticas Filosóficas dentro do regime estético da arte afirma-se não enquanto ruptura mas fundamentalmente como decisão de reinterpretação do que faz a Filosofia e do que a Filosofia faz. Nesse sentido, as (Novas) Práticas Filosóficas são expressão de um tempo e espaço civilizacional anteriormente desvalorizado como a “parte não filosófica” da Filosofia.

- Pode o diálogo filosófico, na sua radicalidade e exigência de presença, à semelhança de uma pintura, escultura ou obra literária, abrir fissuras no consenso e obstaculizar a redução da política à polícia?

Defendemos que o diálogo filosófico não difere da obra de arte nas suas potencialidades de exigência de presença total do espectador/participante, na criação de rupturas que gritam pela sua exploração e doação de sentido e, por fim, a adequação do diálogo filosófico à abertura de múltiplas possibilidades.
O diálogo filosófico, enquanto performance colectiva incoreografável visível através da crítica argumentativa, põe em jogo todos os intervenientes (não há espectadores) e por meio da imprevisibilidade do agenciamento afirma-se como força de desestabilização, de crítica das pretensas evidências e cristalizações do senso comum, de criação e descoberta de novos conceitos e relações e de emergência de sentidos tributários da não intencionalidade colectiva.
Será este momento colectivo de constituição atómica e resultado não antecipável terreno fértil para a legitimação e suporte do que Rancière define como polícia? Não cremos. Pelo contrário, e em casos porventura excepcionais, porque trabalho de problematização e interrogação da actualidade, pode constituir-se como brecha ou semente de brecha na lógica de funcionamento da mesma. A produção de um novo conceito, a descoberta de contradições no discurso legitimador da polícia, o estabelecimento de relações até então invisíveis e não actuantes pode desconfigurar a ordem do sensível tida como natural.
Assim, a produção de litígios nascidos da prática filosófica é uma possibilidade e é possibilidade de introdução de um dissenso entendido como confronto das configurações instituídas pela polícia com algo inaceitável pela mesma: o sujeito político. Existe então a política, o confronto entre sujeito(s) político(s) e a ordem policial.
Desta forma, pensamos identificar o cumprimento do ethos filosófico identificado por Foucault e inscrito na tradição kantiana de um pensamento crítico que toma a forma de uma ontologia da actualidade. Mediante a abertura de um campo de possibilidades, o diálogo filosófico, como trabalho crítico de problematização surge como atitude, como crítica permanente da nossa era. Por um lado, é análise histórica dos limites; por outro lado, nasce a experiência que possibilita a sua ultrapassagem: a “crítica prática de uma transgressão possível”.

Nuno Paulos Tavares
Porto - Portugal                       
*
Rancière, Jacques - Le Partage Du Sensible, Edição/reimpressão: 2000, Editor: FABRIQUE, Coleção: Beaux Livres Lux
Rancière, Jacques - A partilha do sensível - Estética e política, Tradução de Mônica Costa Netto, Coedição: Editora 34/EXO experimental org., 2005 - 1ª edição; 2009 - 2ª edição (Acordo Ortográfico)