terça-feira, 22 de novembro de 2011

Comemoração Dia Mundial da Filosofia - Biblioteca do Colégio Internacional de Vilamoura

Banho de Emersão
Filosofia, Poesia e … Educação 

Nelson Moniz

"Não podemos amar a água, amar o fogo, amar a árvore sem colocar neles um amor, uma amizade que remonta à nossa infância (...) Sem infância não há verdadeira cosmicidade. Sem canto cósmico não há poesia"
Bachelard, A Poética do Devaneio, III


Imergir num aparente caos de significações faz iniciar a comemoração do Dia Mundial da Filosofia na Biblioteca do CIV.
Qual a importância da palavra? Como recordamos as nossas memórias? As memórias têm importância? Quais as memórias mais importantes? O que é o instante? O que é o tempo? Posso captá-lo? Pode o instante mudar toda uma vida? O que é que o poeta faz aos instantes?...
O poeta professor Nelson Moniz interpela os alunos do ensino secundário tentando clarificar as interligações entre a Poesia e a Filosofia.
Captar a vida, recolher o instante, estar atento ao iminente caracteriza e possibilita o poeta e o filósofo. O instante traz consigo tamanha informação que o seu labor é conceptualizá-la. Num mesmo instante o professor Nelson cita Bachelard, deixa cair os óculos e tenta apanhá-los, os alunos falam e riem cada vez menos no corredor e a luz do dia vai declinando… O instante condensa e une impressões, a palavra fixa e expressa, a memória permanece e constrói-se.
Os sentidos alcançam significado numa espécie de constelação que une sentir, pensar e agir -na Poesia como na Filosofia há poder de relação. Preocupados com o que se faz com o tempo, filósofo e poeta (o sujeito que somos) já não tecem a sua existência de modo fragmentado, orientam-se pelas estrelas, conceitos das suas memórias, desenvolvendo, criando e recriando, os seus talentos. Estão aptos para a sobrevivência e para o engrandecimento.
É assim, de um modo fulgente e luminoso, que Nelson Moniz deixa transparecer o modo como trabalha com os seus alunos do ensino primário, para que eles próprios sejam livres e talentosos em tudo o que realizem.
Cita vários dos seus alunos, e deixa a crítica clara às atites, reunites e fichites de que padece o sistema de ensino, castrador da imaginação e da espontaneidade infantis.
«-Professor, faça-me um questionário, daqueles mesmo difíceis!
1. Para que servem as palavras?
- Para sentir e mudar o mundo para melhor. Mas às vezes faz-se o contrário e é por isso que estamos em crise.
2. O que é o tempo?
- O tempo é permanecer durante a vida e acreditar que podemos ser alguma coisa.
3. O que sente um poeta quando acaba uma obra?
- Um desabafo. E o sentimento de que permanece depois da morte.»
P., 9 anos
O nosso convidado termina: a missão da Poesia é transformar, como a da escola!
Emergir do entendimento realiza um grande Dia Mundial da Filosofia no CIV graças ao talento, originalidade e poder de comunicação do nosso convidado.
Muito obrigada Nelson pela sua disponibilidade e obrigada a todos os que de diferentes formas participaram nesta atividade!!

Laurinda Silva,
Grupo Disciplinar de Filosofia do CIV