domingo, 19 de junho de 2011

Sentido...? por Diogo Serra, 11º ano - Colégio Internacional de Vilamoura

O SENTIDO DA EXISTÊNCIA HUMANA 
«O sentido da existência humana é social e temporal. A opinião existencial de Luís de Camões não se enquadra na de Fernando Pessoa, visto que para o primeiro é louvor glorificar o povo e para o segundo é necessário esperar pela salvação. Segundo Rousseau, a sociedade danifica o Homem. De facto, o ser humano é bastante influenciado por este fenómeno de força incomparável, o que comprova a presença de diferenças ideológicas nas respectivas sociedades.
Um indivíduo tem características. Estas são incomparáveis, à excepção de duas, a saúde e o capital. Não há qualquer dificuldade em distinguir contas bancárias, ao contrário de diversos estados de amor, sentimento que tem significado pessoal. Contudo, há quem aplique a ideia de que uma certa quantia monetária pode ter diferentes perspectivas nas diferentes classes sociais. Porém, estas ópticas surgem apenas no campo da subjectividade, o que não nos permite tirar conclusões relevantes, isto é, não há nenhum método que analise e assemelhe opiniões, gostos e interesses.
Segundo o que foi dito anteriormente, a saúde e o capital surgem após uma eliminação subjectiva das características humanas. No entanto, também já foi referido que o sentido da existência humana é analisado socialmente, dada a pressão que esta exerce no Homem. Sendo a sociedade a condutora da razão da vida, é necessário encontrar o problema que fomenta a vontade de viver e que une os indivíduos. Um problema que não seja sazonal e que lhe seja atribuída a devida importância. Para sorte de uns e azar de outros, este não é certamente a saúde, dado que esta não dissimila permanentemente as diferentes classes sociais e não provoca confrontos entre as camadas populacionais. A saúde não prefere o ouro ao plástico! Já o capital, sofre desta doença…
A diminuição da qualidade de vida e o aumento das desigualdades económicas têm fomentado a dependência do capital, uns porque precisam dele para ostentação e outros para sobrevivência. A evolução tem eliminado sucessivamente os bens livres. Dado o grande número de bens económicos, isto é, de bens cuja aquisição é necessária moeda, as camadas financeiramente mais fracas têm dificuldade em satisfazer as necessidades primárias. Verifica-se aqui a grande injustiça mundial. Todo o ser humano nasce com direito à vida, contudo, o capital condiciona a liberdade de escolher o seu sentido. 
De que modo se cria a relação entre o ser humano e o capital? O dinheiro surge com a procura de uma vida idealizada, comportamentos que maioritariamente não se aplicam à conjuntura em causa. Se houver uma grande discrepância entre esse sonho e a realidade, o ser humano sente-se frustrado e preso interiormente, ou seja, sem capacidade para ultrapassar este problema.
O verdadeiro sentido da existência humana é aquele que é incomensurável, aquele que provém unicamente de cada pessoa e personalidade. O autêntico sentido é subjectivo. A Verdade é inalcançável e pode ser mesmo considerada utópica. Uma utopia desconhecida humanamente e que talvez nunca venha a acontecer. Isto porque o Homem é racional. Para a utopia existir, não se pode pensar, apenas deixar acontecer. No mundo da racionalidade, o capital é o que mais se aproxima desta realidade, devido ao seu poder. Esta soberania permite-o dominar e persuadir a mente. Cede-lhe a autoridade de escravizar o ser humano. A vida, temos de a aceitar! Mudar de rumo? Impossível porque o dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a (Karl Marx). A paixão e cegueira trágicas têm este dom intemporal…»
ALUNOS QUE PENSAM!