A FELICIDADE, enquanto conceito universal, serve fundamentalmente como referencial conceptual de um estado de espírito (momentâneo) e/ou sentimento (duração no tempo) alusivo a um bem-estar, ausência de perturbações, controlo/anulação de desejos, satisfação pessoal ou equilíbrio harmonioso das diversas dimensões da existência humana…
Assim, naturalmente que a actualização do conceito (a sua vivência concreta) é marcada pela relatividade, ou seja, a felicidade depende da época histórica, da sociedade ou cultura em que o sujeito está inserido e do próprio sujeito ao nível dos seus objectivos, aspirações, preferências e contexto interpessoal. A busca de uma definição objectiva de felicidade torna-se, desta forma, uma demanda sem horizonte demarcado e, precisamente por isso, afirma-se como sempre presente e decisiva para a tarefa de ser-no-mundo e ser-com-o-Outro.
A resposta à questão “Como podemos ser felizes?” encerra uma vertente eminentemente subjectiva mas tal não significa a inexistência de possíveis modelos de referência ou paradigmas de vida feliz.
De qualquer forma, tais modelos ou paradigmas devem funcionar como pontos de partida de investigação e nunca como “receitas” a serem acriticamente assimiladas. Buscar a felicidade sem que tal tenha um input pessoal e marcadamente existencial equivale a procurar uma felicidade que não a minha.
Esta busca, definição e operacionalização da “minha felicidade “ é um dos temas mais frequentes das consultas de Aconselhamento e Consultadoria Filosófica. Como podemos ser felizes? Nas palavras de Pascal: “Todos os homens, sem excepção, procuram ser felizes. Embora por meios diferentes, tendem todos para este fim.”
Por Nuno Paulos Tavares
Por Nuno Paulos Tavares