O ciclo de Encontros do DeVir Jr arrancou ontem com os primeiros workshops de cada uma das áreas de criação. Para cada 90 minutos de Voz, Percussão, Música Electrónica ou Dança, houve 30 minutos de Filosofia Prática.
O tema deste primeiro encontro foi o Erro: na direcção da construção de uma cidade utópica, composta por vários bairros, começámos pelo Bairro do Erro.
Dada a hipótese de os participantes, à entrada da sala, escolherem sentarem-se no Bairro do Erro ou no Bairro do Certo, todos escolheram o Bairro do Certo.
Quais os seus motivos? Por gostarem de fazer o que é certo, porque está certo fazer o certo e porque devemos fazer o certo.
No entanto, hummm...
O grupo considera que todos erramos, isso é natural em nós embora não gostemos quando isso acontece.
Afinal, fomos ensinados a fazer as coisas da maneira certa.
[Bem, parece pois que todos somos habitantes do Bairro do Erro e queremos viver fora do nosso lugar natural...]
Mas... Será que nos ensinam sempre da maneira certa? Talvez não, talvez nos ensinem da maneira que querem ensinar-nos. Ou da maneira que foi convencionada como certa. Ou da maneira que sabem.
Ou talvez certo e errado não existam... Talvez seja isso, cada um tem a sua opinião e temos de respeitá-la.
Ou talvez certo e errado não existam... Talvez seja isso, cada um tem a sua opinião e temos de respeitá-la.
E se dissermos que não devemos respeitar a opinião de cada um? Estará isso certo? Ou acabamos de encontrar uma linha separadora entre o certo e o errado?
Depende.
Drogar-se está certo ou errado?
Depende.
Matar por puro capricho, está certo ou errado?
Depende.
Depende.
Depende.
Dep...
(O primeiro grupo sai e dirige-se às respectivas áreas de criação.)
Continuámos o nosso esmiuçar do Erro: pode ser fatal ou não; pode ser propositado ou não; pode ser colectivo (guerras, atentados, máfia... - de facto, as maiorias ou grupos de variada dimensão, por vezes, erram.) ou pessoal e pode até ter consequências boas (fazer o que nos dá prazer, dialogar mais com um amigo porque ter de lhe pedir desculpas ou não (bem como o certo pode ter consequências negativas - ser demasiado certinho pode ser mau/ aborrecido).
Passámos pela diferenciação entre estar consciente e querer o erro e pela perspectivação do erro em termos morais (dever fazer ou não, por estar certo ou errado) e em termos ontológicos e ou epistemológicos (aquilo que é vs aquilo que não é, respectivamente ser vs não ser; verdade vs falsidade.)
O som das vozes na sala ao lado acompanhou-nos até ao momento de os participantes se deslocarem para a Percussão e para a Dança. Mas não sem antes nos deixarem os conceitos que, no seu entender, melhor caracterizaram a sessão:
Até breve, até ao próximo bairro!