Esta semana a obra A Contradição Humana, de Afonso Cruz, visitou as habituais sessões de Filosofia para Crianças do Agrupamento de Escolas Dr.ª Laura Ayres.
«Com o devido espírito» da obra trabalhámos a definição e ainda houve espaço para encontrar exemplos.
Antes de ler a história as definições avançadas variavam entre o não faço a mínima ideia, a vida, exploração, descoberta, ou, aproveitando a sonoridade, contra a tradição.
A contradição, como grande parte da ausência de lógica, provocou boas gargalhadas e perplexidade - como é possível alguém desafinar tanto numa canção de embalar que não deixa ninguém adormecer!!! (figura abaixo)
E também alguma identificação: afinal há muitos animais em gaiolas, aquários e terrários presos por amor! É o caso da tartaruga da Lara e do canário do Daniel (penso que já falámos dele aqui :) ) Já o Leandro lembrou-se de quando estava a escrever com uma borracha, o Rui do quanto gosta da irmã e a quer ver longe. O Gonçalo falou do seu amor pela Bia ao mesmo tempo que é amigo dela. (Bem, penso que a afirmação deste exemplo como contradição daria pelo menos mais uma sessão inteira.)
As palavras definidoras, depois de ouvir a história e dos exemplos reconhecidos e partilhados, passaram a antónimo, baralhado, fazer o contrário como os malucos, fazer tudo mal, trocar.
Foi o momento de forçar uma separação:
Onde existe a troca ou a baralhação em gostar de pássaros?
«-Eu gosto muito de pássaros.» - há algo de errado nisto?
A resposta foi evidente: não há nada de errado ou trocado em gostares de pássaros, mas não podes gostar deles e prendê-los. Porque senão eles ficam infelizes. Quando gostamos de alguma pessoa não a queremos infeliz.
Eis o que procurávamos desde o início das sessões: há coisas que não se podem dizer e ou fazer ao mesmo tempo: seria uma contradição!
Obrigada a todos pelas excelentes sessões!
(Recomendo vivamente a obra, apesar de a ter aplicado a sessões com o 2º e 4º ano ela pode na perfeição estender-se a públicos com mais idade, sob outros enfoques ou aproximações.)